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Inquérito DIHK – Barreiras comerciais condicionam desempenho económico das empresas alemãs

10/03/2022

O conflito que opõe a Ucrânia à Rússia e as suas consequências para a economia são reveladores da situação das empresas alemãs com atividade além-fronteiras: já antes do início da guerra eram cada vez mais as barreiras que as empresas encontravam nas suas relações comerciais, segundo o inquérito anual “Going International”, da Confederação das Câmaras de Comércio e Indústria Alemãs (DIHK).

Das cerca de 2.700 empresas que participaram neste inquérito – realizado na primeira quinzena de fevereiro -, mais de metade (54 porcento) refere um agravamento das barreiras no âmbito dos seus negócios internacionais.

Volker Treier, responsável pela área de Negócios Estrangeiros no DIHK, comenta este resultado: “Este é o valor mais elevado dos últimos dez anos – mais do que a percentagem registada em 2020, um ano marcado pelos vários lockdowns por causa da pandemia”. Em comparação, em 2017, nem sequer um terço das empresas inquiridas referiam as barreiras comerciais como uma dificuldade na concretização de negócios. “E mesmo esse número já era elevado”, lamenta Treier. “Nessa altura, não esperávamos que o valor aumentasse continuamente nos cinco anos subsequentes. Apesar das exportações se manterem estáveis, a economia alemã encontra mais barreiras no comércio mundial.”

Antes do início da guerra na Ucrânia, as sanções comerciais, referidas por 24 porcento das empresas, encontravam-se em quinto lugar na lista das maiores barreiras aos negócios internacionais. Nessa altura, fatores como as “exigências locais de certificação” e as “exigências de segurança adicionais”, respetivamente com 49 porcento, bem como “legislação pouco transparente” (33 porcento) e as “alfândegas” (32 porcento) eram considerados obstáculos maiores.

Apesar de os livros de encomendas estarem preenchidos, já no início do ano as empresas não revelavam grandes esperanças de uma melhoria: “Para 2022, apenas 18 porcento das empresas espera uma melhoria dos seus negócios com o estrangeiro, enquanto 21 porcento conta com uma quebra”, diz Treier. “Um resultado mais positivo que nos dois anos anteriores, mas ainda assim com um saldo negativo.”

A recuperação económica que se esperava depois da pandemia ficará, assim, sem efeito. Em contrapartida, poderá assistir-se a um reforço das barreiras comerciais e um aumento do protecionismo, aos quais acrescem as sanções contra a Rússia e as suas consequências ainda imprevisíveis para o comércio mundial.

A previsão de crescimento de seis porcento das exportações alemãs ficará sem efeito. As empresas continuam com uma boa carteira de encomendas, mas, para as satisfazer, é necessário eliminar os problemas que persistem nas cadeias de fornecimento.

Os resultados completos do inquérito podem ser consultados aqui (em inglês).