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Pandemia, aumento de custos, desafios da modernização – Câmara Luso-Alemã discute setor portuário e as vantagens da colaboração com a Alemanha

25/11/2021

O Simpósio Luso-Alemão sobre o “Setor Portuário e Logística, incl. respetiva Digitalização em Portugal”, que a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã organizou esta semana no âmbito da Missão Empresarial dedicada à mesma temática, reuniu especialistas dos dois países que analisaram os desafios – e as soluções – do setor.

Da Alemanha, Jan-Christoph Maass apresentou o duisport, o porto de Duisburg, o maior porto fluvial de contentores, que movimenta anualmente 110,4 milhões de toneladas e emprega mais de 51 mil pessoas. Tal como outras estruturas semelhantes, o porto de Duisburg manifesta preocupações acrescidas na área da sustentabilidade. Neste contexto, entre os campos de ação do duisport está o modal shift – a movimentação do transporte rodoviário para opções ferroviárias e marítimas, menos agressivas para o ambiente -, a minimização de ruídos e de emissões nocivas, a autossuficiência energética e, finalmente, a conservação de recursos. Um dos objetivos que o duisport pretende alcançar a curto prazo é constituir-se como um hub para a importação e distribuição de hidrogénio para o Hinterland alemão e não só.

Da parte dos intervenientes portugueses, foi comum a opinião de que a localização geográfica de Portugal garante ao país vantagens consideráveis neste setor. Outra vantagem que o setor portuário português apresenta é a sua larga experiência na colaboração em sistema, o que representa um fator de sucesso no estabelecimento de parcerias internacionais como as que as empresas alemãs presentes nesta iniciativa procuram.

Os problemas específicos do setor portuário em Portugal foram tema de discussão no painel de debate “Oportunidades no Setor Portuário e a Interligação com o Hinterland em Portugal”, moderado por Jorge d’Almeida, Presidente da Comunidade Portuária e Logística de Sines. Questionado sobre a subida dos custos dos fretes, António Belmar da Costa, Diretor Executivo da AGEPOR-Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, manifestou a opinião de que os preços devem baixar no final de 2022, embora nunca para valores de antes da pandemia. A subida dos valores foi atribuída à crise provocada pela pandemia, que trouxe uma queda súbita da procura, sobretudo dos mercados asiáticos, seguida de um aumento rápido dessa mesma procura, a que acresceu a ineficiência dos portos norte-americanos.

Já Gonçalo Faria, Senior Account Manager da Bluetech Accelerator - Ports & Shipping 4.0, explicou a necessidade que ainda existe em adaptar ao mercado a investigação realizada em Portugal no âmbito do mar. Apesar de um elevado número de investigadores e de investigações em curso nesta área, a colaboração entre universidades e o setor empresarial ainda carece de maiores sinergias.

O Project Officer do Fórum Oceano – Associação da Economia do Mar, Frederico Ferreira, abordou a estratégia que os vários Governos portugueses seguiram ao investirem na rede rodoviária, quando a combinação entre o transporte marítimo de curta distância e a ferrovia ganham maior relevância no contexto da descarbonização. Cabe agora ao setor portuário impulsionar esta mudança estratégica, em conjunto com outros parceiros institucionais e empresariais. Na sequência desta afirmação, Luís Cacho, Presidente da APP-Associação dos Portos de Portugal, confirmou que a estratégia prevalente a nível europeu de valorizar o transporte ferroviário – em combinação com o marítimo – é de grande importância, pois permite que toda a Europa avance a uma velocidade comum.

Durante o Simpósio, sete empresas alemãs apresentaram os seus serviços em áreas como a gestão comercial de embarcações de alto mar e o desenvolvimento de projetos à medida do cliente de setores como transportes marítimos e indústria, soluções inovadoras de software logístico, software de gestão da cadeia de abastecimento, consultoria e engenharia em todos os setores de portos e plataformas logísticas, gruas giratórias e guindastes de pórtico, apoio a empresas no processo de digitalização e desenvolvimento em direção à Indústria 4.0. e Augmented- und Mixed Reality.

Todas as apresentações do simpósio estarão disponíveis em breve no site da CCILA.