Após um longo período de recessão e estagnação, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) acredita que a economia alemã voltará a registar um crescimento significativo. O produto interno bruto crescerá 1,0% em 2026 e 1,5% em 2027, de acordo com as previsões. No ano que está a terminar, porém, o crescimento deverá ser de apenas 0,3% – apenas a Finlândia e a Noruega terão um desempenho pior. A previsão anterior para 2025 foi confirmada, enquanto a previsão para os dois próximos anos foi reduzida em 0,1 e 0,2 pontos percentuais, respetivamente. Nos últimos dois anos, a maior economia da Europa registou uma contração.
As perspetivas da OCDE são, portanto, mais otimistas do que as dos chamados economistas, que recentemente revisaram ligeiramente em baixa as suas expectativas para 2026. Os membros do Conselho de Peritos para a Avaliação do Desenvolvimento Económico Global esperam apenas um crescimento do PIB de 0,9% no próximo ano.
A previsão da OCDE não parece tão sombria. Se tudo correr como previsto, a Alemanha voltaria a crescer mais rapidamente do que a média da UE em 2027, pela primeira vez em anos. Mas a organização também está ciente da importância dos gastos públicos anunciados para infraestruturas ou defesa, com o objetivo de estimular a economia. «O forte aumento dos investimentos públicos e das despesas com a defesa desempenha, naturalmente, um papel importante», afirma a especialista da OCDE, Isabell Koske. Esta política fiscal expansionista estimula os investimentos privados e o consumo. No entanto, Koske adverte que «deve-se garantir que as despesas adicionais sejam canalizadas principalmente para investimentos públicos que aumentem o potencial de crescimento – e não para o consumo público adicional».
Para que os milhares de milhões previstos possam ser rapidamente disponibilizados, a OCDE recomenda procedimentos de planeamento simplificados e acelerados. «As capacidades de planeamento de infraestruturas nos municípios devem ser reforçadas e os procedimentos de planeamento e aprovação devem ser ainda mais simplificados e harmonizados», afirmou o especialista da OCDE, Robert Grundke. Além disso, é necessário eliminar as barreiras à concorrência e reduzir os elevados encargos administrativos, a fim de facilitar e estimular os investimentos.
«Caso contrário, existe o risco de que a enorme procura resultante dos pacotes de investimento faça subir a inflação», alertou Grundke. Além da burocracia, também devem ser eliminadas as restrições ao acesso à profissão e à entrada no mercado, como a obrigatoriedade de possuir um diploma de mestrado em muitas profissões manuais. A digitalização da administração pública também deve ser promovida.
A organização recomenda ainda a eliminação de incentivos à reforma antecipada, como a reforma aos 63 anos. Também é importante reduzir a carga fiscal e contributiva sobre os rendimentos do trabalho, a fim de aumentar a oferta de mão de obra e atenuar a escassez de trabalhadores qualificados. «Isto poderia ser financiado através da eliminação de benefícios e isenções fiscais sobre rendimentos de capitais e impostos sucessórios, imposto sobre o valor acrescentado e impostos ambientais, bem como através de uma melhoria da cobrança de impostos», afirma a especialista da OCDE, Koske.
De acordo com a OCDE, o crescimento na zona euro será de 1,3% no ano que está a terminar e será semelhante em 2026 (1,2%) e 2027 (1,4%). O crescimento global deverá oscilar em torno dos 3% nos três anos. Para a maior economia mundial, os EUA, a previsão para o ano em curso foi elevada para 2,0%. Para 2026, espera-se um aumento de 1,7% e, para 2027, de 1,9%.
Fonte: Reuters, Spiegel Online