Alemanha é o segundo maior mercado das exportações portuguesas de bens, o quarto maior emissor de turistas para o nosso país (mas o segundo lugar em termos de dormidas) e um dos mais importantes investidores em Portugal. É igualmente protagonista de alguns dos investimentos mais estruturantes para a economia lusa. A relação bilateral expandiu-se em 2024 para um patamar histórico e Portugal registou o défice comercial de bens com a Alemanha mais baixo dos últimos oito anos.
Após a recessão, e com previsões de um magro crescimento no curto prazo, André Coelho, professor do ISEG, considera que “é provável que o fraco desempenho da economia alemã venha a ter repercussões em Portugal e Espanha”. “A economia alemã está estagnada, penalizando as exportações portuguesas. Penso que 2025 será menos interessante para as exportações portuguesas para a Alemanha do que 2024. Mas o país pode ainda libertar dinamismo em algumas áreas”, frisa, por seu turno, Augusto Mateus, ex-ministro da Economia.
“E o que se passa na Alemanha pode afetar-nos de duas formas: se o consumo alemão cai, vendemos menos para lá, e se as exportações do país caírem também, vendemos menos para a indústria alemã”, sublinha Manuel Caldeira Cabral, outro ex-ministro da Economia, convicto de que a economia germânica “até pode crescer ligeiramente acima de 2024, mas pouco, e, sendo o motor da Europa, isso significa que a UE também não crescerá muito”.
Certo é que a relação comercial de Portugal com a Alemanha atingiu máximos históricos em 2024. As exportações portuguesas de bens para a Alemanha aumentaram 18% em termos nominais, atingindo €9,76 mil milhões, o valor mais elevado desde o ano 2000, altura em que tem início a série de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) analisada pelo Expresso. A Alemanha tornou-se o segundo maior mercado luso nos bens, valendo 12,3% do total, superando França e ficando apenas atrás de Espanha.
Fonte: Expresso