Pela primeira vez, no primeiro semestre de 2025, foi produzida mais eletricidade verde do que eletricidade a carvão em todo o mundo. Esta é a conclusão de um estudo do grupo de reflexão Ember. Segundo o relatório, a produção de eletricidade com base em energias renováveis aumentou quase 8% em comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo 5.072 terawatts-hora (TWh). Em contrapartida, a produção a partir do carvão diminui cerca de 1%, fixando-se nos 4.896 TWh.
De acordo com os especialistas da Ember, a quota das energias renováveis na matriz energética global subiu para 34,3%, enquanto a do carvão desceu para 33,1%. A título de comparação: Na Alemanha, segundo dados do Instituto Federal de Estatística, foram produzidos cerca de 220 TWh de eletricidade no primeiro semestre de 2025, dos quais 62% a partir de fontes renováveis e 21% a partir do carvão.
Em Portugal, a quota das energias renováveis foi ainda mais expressiva. Entre janeiro e junho, 79,3% da eletricidade produzida no território continental teve origem em fontes limpas. No total, foram gerados 26 TWh, sendo a energia hídrica (9,6 TWh), a eólica (6,8 TWh) e a solar (2,8 TWh) as principais contribuintes para o mix de produção renovável.
O gás natural representou 13% da produção de eletricidade em Portugal, e não foi gerada eletricidade a partir do carvão. No contexto europeu, Portugal posicionou-se como o quarto país com maior quota de renováveis na produção elétrica, apenas atrás da Noruega (97,6%), Dinamarca (86,5%) e Áustria (80,2%).
A nível global, a procura de eletricidade aumentou 369 TWh no primeiro semestre de 2025. «Este aumento foi mais do que compensado pelo crescimento da energia solar (mais 306 TWh) e eólica (mais 97 TWh)», sublinha o estudo. A produção hidroelétrica registou uma queda significativa, enquanto a bioenergia diminuiu ligeiramente. A produção de energia nuclear aumentou ligeiramente, e a geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis — carvão, gás e petróleo — registou um ligeiro declínio.
De acordo com o estudo, a China foi responsável por 55% do crescimento solar mundial, seguida pelos EUA (14%), UE (12%), Índia (quase 6%) e Brasil (mais de 3%).
«Estamos a assistir aos primeiros sinais de uma viragem decisiva», afirmou Małgorzata Wiatros-Motyka, analista de energia da Ember. «A energia solar e eólica estão agora a crescer rapidamente o suficiente para responder à crescente procura mundial de eletricidade.». Este momento marca o início de uma transição em que a energia limpa acompanha o crescimento da procura — um passo fundamental para a descarbonização global.
Para os especialistas da Ember, os dados são um sinal claro de que «a procura por combustíveis fósseis atingiu o seu pico — ou já o ultrapassou». Trata-se, defendem, de um momento decisivo para agir com ambição e acelerar a transição energética.
Fonte: Handelsblatt, dpa, APREN