Segundo um inquérito da empresa de consultoria McKinsey, os compradores de automóveis na Alemanha estão mais recetivos aos carros elétricos do que há um ano. Trinta por cento afirmam que o seu próximo automóvel deverá ser um veículo elétrico a bateria — um aumento de sete pontos percentuais face ao ano anterior.
Os híbridos plug-in, que combinam um motor elétrico com um motor de combustão, bem como os veículos com extensor de autonomia — ou seja, carros elétricos com um gerador a gasolina integrado para produzir eletricidade — também estão a despertar um interesse crescente, afirmou Patrick Schaufuss, especialista da McKinsey. No entanto, segundo o estudo, muitos consumidores continuam a ser desencorajados pelos elevados preços de compra.
Apesar disso, os fabricantes de automóveis estão a oferecer cada vez mais descontos em veículos elétricos, enquanto os incentivos à compra de automóveis com motor de combustão estão a ser reduzidos, de acordo com um inquérito do Centre Automotive Research (CAR). São esperados mais descontos nos próximos meses. Em média, os veículos elétricos continuam a ser 4225 euros mais caros do que os automóveis com motor de combustão comparáveis — o valor mais baixo registado desde o fim súbito do bónus ambiental em janeiro de 2024.
Apesar de um aumento global na procura de veículos elétricos na Alemanha, a Tesla não consegue travar a sua queda. Em abril, foram vendidos apenas 885 veículos da marca, uma quebra de 45,9% face ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados na terça-feira pela Autoridade Federal de Transportes Motorizados. Desde o início do ano, as vendas da fabricante norte-americana pioneira em carros elétricos caíram 60,4%. Por outro lado, as vendas totais de veículos elétricos cresceram mais de 50%. Atualmente, quase um em cada cinco carros novos vendidos na Alemanha é elétrico.
Ao contrário de outros fabricantes, a Tesla reduziu os seus preços de forma apenas moderada, o que agravou a sua posição competitiva. “Sem um ajustamento de preços, a Tesla não conseguirá travar a queda nos novos registos”, afirmou Ferdinand Dudenhöffer, diretor do CAR.
A queda nas vendas da Tesla não se limita à Alemanha. Também noutros países europeus os números desceram acentuadamente. No Reino Unido, por exemplo, foram vendidos apenas 536 novos veículos da marca em abril — menos 62% face ao mesmo mês do ano passado e o valor mais baixo dos últimos dois anos, segundo dados do serviço de análise New AutoMotive. Na Suécia, a quebra foi de cerca de 80%, e em Portugal, de um terço. Apenas na Noruega é que a Tesla registou um aumento, com mais 12% de unidades vendidas no mês passado.
De acordo com especialistas do setor, a marca está a ser prejudicada pelo envolvimento político polarizador do seu CEO, Elon Musk, que tem demonstrado apoio ao presidente dos EUA, Donald Trump. As viaturas e sucursais da Tesla têm sido alvo de protestos e atos de vandalismo. No entanto, o aumento da concorrência — por parte de fabricantes chineses ou da Volkswagen, por exemplo —, bem como a gama de modelos reduzida e desatualizada, também são apontados como fatores determinantes nesta quebra de desempenho.
Fonte: Reuters, Handelsblatt