O Conselho Alemão de Peritos Económicos reviu em baixa as suas previsões económicas para este ano. Tal como foi anunciado no relatório da primavera, o produto interno bruto deverá estagnar em 2025. No outono, o Conselho previa ainda um crescimento de 0,4 por cento.
De acordo com o painel de cinco membros, a economia alemã ainda se encontra numa “fase de fraqueza pronunciada”. A economia poderá recuperar um pouco em 2026, com um crescimento de 1%. No entanto, os peritos estão longe de ter a certeza de que a Alemanha voltará a encontrar o caminho do sucesso económico a médio e longo prazo.
Na opinião dos peritos económicos, os requisitos burocráticos e os longos procedimentos de autorização estão a abrandar o crescimento. A política aduaneira imprevisível e errática do presidente dos EUA, Donald Trump, também representa um fardo para a economia alemã, orientada para a exportação. De acordo com o relatório da primavera, a mudança estrutural acelerada resultante também afetará sectores e regiões da Alemanha que anteriormente eram economicamente fortes.
“A economia alemã será significativamente influenciada por dois fatores no futuro próximo: a política aduaneira dos EUA e o pacote financeiro”, afirmou Monika Schnitzer, presidente do painel de peritos.
O novo governo alemão, composto pela CDU/CSU e pelo SPD, está a combater a fraqueza económica da Alemanha com um pacote de 500 mil milhões de euros financiado por crédito, destinado a investimentos adicionais em infraestruturas e proteção climática. Os peritos económicos consideram crucial a forma como os fundos são efetivamente utilizados: quanto maior for o investimento público adicional, maiores serão os efeitos de crescimento a longo prazo, de acordo com o relatório da primavera.
“O pacote financeiro oferece uma grande oportunidade: se utilizados corretamente, os fundos podem preparar a Alemanha para o futuro e colocar a economia de novo numa trajetória de maior crescimento”, afirmou Achim Truger, membro do Conselho. No entanto, ainda não acreditam que a economia alemã vá crescer como resultado dos investimentos de 2025.
A fraqueza económica também é evidente no mercado de trabalho, entre outras coisas, de acordo com o relatório. De acordo com a Agência Federal do Trabalho, a retoma da primavera foi comparativamente fraca em abril. Os peritos económicos esperam que a taxa de desemprego aumente para 6,2% em 2025.
De acordo com as previsões, a inflação deverá continuar a descer ligeiramente este ano e no próximo: para uma média de 2,1% em 2025 e 2,0% em 2026. No entanto, esta previsão ainda está “repleta de grandes incertezas”, afirma a economista Veronika Grimm. Os conflitos comerciais podem fazer com que os preços voltem a subir e a descer. Os programas de despesas volumosas do Governo alemão podem também impulsionar a procura interna e fazer subir os preços mais rapidamente.
Para evitar que os fundos do pacote sejam gastos no consumo ou em rubricas orçamentais já planeadas, os peritos económicos apelam ao Governo para que introduza diretrizes legais claras.
Os peritos económicos também consideram que há um atraso considerável na redução da burocracia. Este processo tem de ser finalmente acelerado. As organizações empresariais consideram os encargos burocráticos, como a Lei da Cadeia de Abastecimento, uma das principais razões para a recessão económica. Os peritos apelam ao Governo para que adopte um novo rumo na política económica.
“Uma política económica que se concentre em travar a mudança estrutural com subsídios não pode ser bem-sucedida a longo prazo”, afirmou Schnitzer. Em vez de preservar empregos que não são viáveis a longo prazo, a transição para novos modelos de negócios e profissões deve ser promovida de forma direcionada, por exemplo, investindo numa rede rodoviária e ferroviária moderna, em infraestruturas digitais ou em investigação que beneficie o maior número possível de sectores.
A nova Ministra Federal dos Assuntos Económicos, Katherina Reiche, apresentou recentemente os primeiros planos sobre a forma como tenciona apoiar a economia alemã em dificuldades. Anunciou novas centrais elétricas alimentadas a gás para a Alemanha.
Fonte: Spiegel Online, dpa